Num dia frio de inverno em pleno Alentejo, o Joaquim chega à loja do
Manuel e diz:
- Bom dia, Maneli, quero uma dessas bolsas de borracha onde se deita
água quente e que serve para aqueceri a cama e manter os pés
quentinhos.
- Que azari, Jaquim, hoje de manhãe vendi a última à Ti' Maria.
- E o que é que eu faço com este frio do diabo que faz à nôte?
- Fica tranquilo, eu empresto-te o mê gato.
- O tê gato?
- Sim, o mê gato é gordinho, e tu podes colocari nos pés na hora de
deitari, e vais veri como ele te vai aqueceri a nôte toda. Na próxima
terça-fêra chegam os sacos de água quente, vens comprar um e
devolves-me o gato.
- Tá bem. Obrigado.
Joaquim leva o gato e vai para casa.
No dia seguinte, volta com a cara toda arranhada pelo gato.
- Manel, vim devolver-te o cabrão do gato! Olha como é que ele me
deixou, o filho da p...!
- Mas como? O que é que aconteceu? Ele é tão manso!
- Manso, uma porra! O funil no cú, ele aguentou bem, mas quando
comecei a deitar-lhe a água quente, ele ficou uma fera e arranhou-me
todo, o cabrão!
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